Flexografia no Brasil: Impacto da Instabilidade Econômica e Política
11 de agosto de 2025 0 Por Flexo In FocoInstabilidade política e economia brasileira: impactos na flexografia
A instabilidade política no Brasil e as incertezas econômicas mudaram o horizonte dos negócios em 2025. Após um crescimento de 2,4 % em 2024, os analistas projetam que o PIB deve avançar apenas entre 1,6 % e 2,0 % este ano. Essa desaceleração é consequência de juros elevados, dúvidas sobre o ajuste fiscal e conflito entre os poderes. Ainda assim, o mercado de embalagens e rótulos se mantém dinâmico. Neste artigo você vai entender como a conjuntura econômica afeta o segmento flexográfico e quais tendências apontam para o futuro.
Cenário econômico sob tensão
Os desafios macroeconômicos são diversos:
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Dívida pública em alta: a dívida bruta ultrapassa 75 % do PIB e a agência Moody’s rebaixou a perspectiva do país para “estável”.
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Inflação persistente: a inflação de serviços continua alta, obrigando o Banco Central a manter a Selic em torno de 13,75 %.
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Crédito restrito: juros altos dificultam o acesso a financiamento, reduzem o consumo e limitam investimentos.
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Commodities em queda: a baixa nos preços de soja, minério e petróleo pressiona a balança comercial e a indústria.
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Estrutura industrial frágil: o setor manufatureiro responde por pouco mais de 10 % do PIB, com logística deficiente e carga tributária elevada.
Apesar das dificuldades, projeções como a do Trino Bank mostram que o crescimento de 2025 pode ficar entre 1,6 % e 2,4 %. Para sobreviver, empresas buscam eficiência, capital de giro e novas oportunidades.
Resiliência e crescimento do mercado de embalagens
No mundo, o mercado de etiquetas autoadesivas está avaliado em US$ 50,35 bilhões e deve atingir US$ 65,72 bilhões até 2029. O setor cresce 5,47 % ao ano, impulsionado pelo comércio eletrônico e pelo consumo de alimentos e bebidas.
Na impressão flexográfica, as projeções apontam para US$ 196,24 bilhões em 2024, com crescimento para US$ 228,9 bilhões em 2029 (CAGR de 3,13 %). A flexografia ganha espaço graças à demanda por embalagens sustentáveis e de alta qualidade.
No Brasil, o vigor do setor ficou claro na Flexo & Labels Expo 2024, que reuniu mais de 7 500 visitantes e 130 expositores, apresentando soluções de 400 marcas. O evento confirmou que, mesmo em clima de instabilidade, a indústria de rótulos autoadesivos, sleeves e etiquetas mantém-se aquecida.
Sustentabilidade e digitalização: tendências decisivas
Estudo publicado pelo portal The FoodTech indica que a sustentabilidade virou requisito obrigatório. Convertedores estão adotando tintas à base de água, soluções biodegradáveis e processos de produção com menor desperdício. A digitalização e a automação também avançam: sistemas de inspeção em linha com inteligência artificial reduzem erros e paradas, enquanto dados de produção são usados para manutenção preditiva.
Outros pontos em destaque:
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Personalização em alta – prensas flexográficas modernas permitem tiragens menores e integração de códigos QR, números de série e promoções.
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Qualidade superior – placas de alta definição e sistemas de gestão de cores elevam o padrão da flexografia.
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Tecnologias híbridas – a combinação de flexografia e impressão digital possibilita versatilidade de aplicações.
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Crescimento nos mercados emergentes – América Latina e Ásia‑Pacífico lideram a expansão e investem em máquinas de última geração.
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Regulamentação rigorosa – normas ambientais, restrições a plásticos de uso único e padrões internacionais como REACH exigem adaptação.
In mold labeling e novos investimentos
O segmento de in mold labeling (IML) também mostra vitalidade. Em abril de 2025 a norte‑americana MCC Global inaugurou uma planta de IML em Louveira – SP, reforçando a produção local. A unidade começou com duas máquinas e deve empregar 40 colaboradores até o fim do ano. Esse investimento demonstra confiança no mercado interno de embalagens premium, que cresce mesmo com a instabilidade política.
Como a instabilidade interfere na flexografia
A instabilidade política no Brasil torna o ambiente de negócios imprevisível. Juros altos e incertezas fiscais elevam o custo do capital e dificultam a compra de novas prensas, principalmente para pequenas e médias gráficas. A aprovação lenta de reformas estruturais e disputas entre Executivo e Legislativo atrasam projetos de modernização.
Contudo, o mercado de rótulos e sleeves é resiliente. A demanda de segmentos como alimentos, bebidas e cosméticos continua forte e favorece players que investem em eficiência. Grandes eventos, como a Expo 2024, e conferências como a CIF 2025, mostram que fabricantes e fornecedores continuam apostando no país. Na CIF, a palestra sobre impressão banda média para flexíveis destacará equipamentos de largura intermediária que reduzem desperdícios e entregam rapidez, tendência estratégica para tempos de juros elevados.
Estratégias para superar o cenário atual
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Adotar banda média‑estreita: prensas de largura intermediária são eficientes em tiragens médias e curtas e exigem menor investimento.
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Investir em sustentabilidade: tintas ecológicas e substratos recicláveis atendem às exigências de clientes e reguladores.
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Automatizar processos: inspeção em linha e integração digital reduzem custos operacionais e melhoram a qualidade.
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Diversificar mercados: exportar rótulos para países vizinhos e focar em setores que mais crescem, como alimentos, bebidas e saúde.
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Monitorar políticas públicas: acompanhar reformas tributária e administrativa e participar de associações de classe para influenciar decisões.
Perspectivas
Embora a instabilidade política ainda seja um vetor de preocupação, o segmento flexográfico demonstra capacidade de adaptação. O foco em sustentabilidade, automação e banda média‑estreita, aliado ao crescimento da demanda por embalagens de qualidade, deve manter o setor aquecido. Investimentos de grandes grupos, como a nova planta de IML da MCC, reforçam a confiança no Brasil. Para converter essas oportunidades em crescimento, as empresas precisam equilibrar inovação e cautela financeira, mantendo o olhar atento às mudanças no cenário político e econômico.
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